sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Cultos de Domingo


Eu espero que a realidade em sua igreja seja diferente, mas o que tem se tornado uma rotina na Igreja Adventista é que o único culto no qual o templo fica cheio é o do sábado de manhã. Nos outros dias (em especial, na quarta e no domingo) a freqüência é muito menor do que a do sábado.

Por que isso acontece? 

O que podemos fazer para que todos os cultos fiquem cheios de adoradores felizes e comprometidos com o Evangelho? Será que estamos falhando em algum ponto, o qual poderíamos melhorar?

Eu quero hoje abordar em especial o culto de domingo, por ser considerado na IASD como um culto "evangelístico", ou seja, voltado à pregação para não-crentes.

Normalmente, a "liturgia" que observo na maioria das nossas igrejas aos domingos é a seguinte:
1. Serviço de cânticos monótono e feito só para "cumprir tabela" (uns 10 minutos)
2. O culto inicia com a entrada do pregador e o anúncio do primeiro hino (uns 5 minutos)
3. É feita uma oração inicial (uns 2 minutos)
4. Se houver alguém para cantar, então há uma música especial (uns 3 minutos)

Veja que já se foram uns 20 minutos (no máximo!)... e ainda restam mais de 40 minutos para completar o tempo normal do culto.

Esse é um tempo muito longo para um sermão evangelístico, se a pessoa não tiver domínio da arte da pregação ou não estiver preparada para apresentar o sermão (alguns, visivelmente, não se prepararam... e outros ainda dizem isso no púlpito...rsrs).

Resultado: os irmãos vão perdendo o interesse em vir ao culto de domingo (e quando vêm, raramente trazem visitantes) porque o culto não lhes preenche as necessidades. Motivos:
- Músicas sem alegria
- Sermão enfadonho e mal elaborado, que não atende às necessidades das pessoas
- Quase nenhuma participação dos adoradores durante o culto

Isso é uma grande pena, porque eu creio que a Igreja Adventista do 7º Dia é uma das melhores em qualidade musical, tem um acervo de conhecimento bíblico inigualável por qualquer outra denominação, apresenta uma mensagem evangélicasem gritarias ou apelos dramáticos e insistentes (como os verificados em outros lugares)... etc.

Então, o problema está exatamente em que não estamos usando este maravilhoso arsenal "litúrgico" em nossos cultos. Eu gostaria de apresentar algumas sugestões para que o culto em sua Igreja se torne uma bênção para os que comparecerem.

Recepção
- Todo mundo gosta de ser bem recebido, e o mesmo vale para a igreja.
- À porta, deve estar um grupo de 3 ou 4 recepcionistas que abracem esta tarefa como um ministério.
- Pessoas sorridentes, amáveis e simpáticas, e que transmitam um sentimento de que o adorador está chegando a um lugar onde ele será sempre bem tratado e valorizado.
- Os bebedouros e banheiros devem estar visíveis e limpos, para que as pessoas vejam o quanto temos respeito pela Casa de nosso Deus.
- Bíblias, coletâneas ou hinários devem estar disponíveis para os visitantes poderem participar ativamente dos momentos do culto.

Música
- Uns 30 minutos antes do culto começar, o grupo do louvor (algumas igrejas chama de "ministério de louvor/adoração") deve iniciar com cânticos e hinos que criem a atmosfera ideal para o ínício da programação.
- A sugestão é que as músicas escolhidas para este momento sigam uma espécie de "gráfico":
a. Músicas solenes e calmas (ponto baixo do gráfico)
b. Músicas alegres e vibrantes (ponto alto do gráfico)
c. Músicas que mantenham o espírito de alegria e animação (o gráfico permanece no alto)
d. Músicas que criem uma atmosfera de entrega e devoção solene (o gráfico desce)
e. Uma música que prepare o espírito para a recepção da mensagem daquela noite
- Se na sua igreja existem instrumentistas, faça uso deles, pois o Play-back é interessante, mas a música acompanhada de instrumentos ao vivo ganha um brilho sem igual.
- Lembre que existem visitas na Igreja, por isso não se deve pensar que todos já conhecem a letra das músicas. Prepare coletâneas ou transparências para que ninguém fique sem participar por não conhecer o que está sendo cantado.
- A música que produz efeito duradouro no adorador é a congregacional, ou seja, os louvores apresentados por solistas ou grupos não devem tomar mais do que uma pequena parte do momento do louvor. Os adoradores precisam cantar, sentir a música, e participarem ativamente da adoração... não apenas como "ouvintes", mas como "cantores" também.
- As pessoas que estiverem dirigindo os louvores devem ser entusiasmados e motivarem a congregação a cantar com o coração e com o entendimento.

"A música é um dos meios mais eficazes para impressionar o coração com as verdades espirituais. [Através dela] as tentações perdem o seu poder, a vida assume novo sentido e propósito, e o ânimo e a alegria se comunicam a outras pessoas" -Ellen White, Educação, pág. 167.

Pregação
- A pregação que produz efeito é aquela que o Espírito de Deus inspirou o pregador a trazer.
- Por isso, temas "sociológicos", "psicológicos" ou "filosóficos" não devem ocupar o lugar da pregação poderosa da Palavra de Deus.
- Muitos pregadores são "eloqüentes", ou seja, "pregam bem", mas sua pregação não tem conteúdo fundado nas Escrituras. São teologicamente vazios! Alguns se limitam a "pescar" textos bíblicos isolados, e fazem uma verdadeira "colcha de retalhos" unicamente para dar "apoio" ao tema que está sendo pregado. Já vi pregadores usarem textos bíblicos que não tinham nada a ver com o que estava sendo pregado. Isto é uma tremenda falta de respeito para com o Espírito de Deus!
- Os sermões devem atingir a necessidade da alma, o desejo anelante de cada adorador ali presente. Pregar sobre os 7/8 reis de Apocalipse 17 pode ser interessante, mas será que vai preencher o vazio de alma que todos nós temos? Tentar descobrir quem são os 144.000 pode trazer a admiração de alguns para com o pregador, mas estará este tema cumprindo o papel de salvar almas do pecado?
- Você que é pregador deve lembrar que o sermão de domingo deve ser feito especialmente para atingir os não-crentes, ou seja, a temática deve ser puramente evangelística: salvação, perdão, justificação, volta de Jesus, milagres de Cristo, etc.
- Pregue de forma simples, sem palavras "decoradas do dicionário". Apresente o sermão de tal forma que tanto o Doutor quanto aquele irmão semi-analfabeto entendam e aproveitem o seu sermão.
- Não é hora de criticar a roupa das irmãs, ou a irreverência das crianças, ou a falta de espírito missionário dos jovens, etc. Pregue sobre Jesus e Seu amor... e vidas serão transformadas!
- Todo sermão deve encerrar com um APELO concreto. Um pregador que encerra seu sermão com chavões ("que o Senhor abençoe você... amém!") e não dá oportunidade para que as pessoas expressem sua entrega a Cristo (levantar de mãos, ficar em pé, ajoelhar para orar, ir à frente, etc.) perdeu grande oportunidade de impressionar os corações com o Espírito Santo de Deus. Um sermão assim não merece mais do que uma nota 3 ou 4 (numa escala de 0 a 10).

"Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado... A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus" (1Cor. 2:2-5).

"Há muitos no mundo e na Igreja que inconscientemente anseiam pela mensagem: ‘Os teus pecados estão perdoados’. Portanto, em cada sermão, o pregador precisa proclamar a justificação" - LaRondelle, O que é salvação?, p. 78.

Depois do culto
- Dizem os estudiosos que se todos vão embora nos 10 primeiros minutos após o culto, é porque a igreja está carente de relacionamentos sociais entre seus membros.
- Na saída é o momento de fazer amizade com os visitantes; convidá-los para a reunião do Pequeno Grupo; para retornarem no próximo sábado; para iniciarem uma série de estudos bíblicos; etc.
- Será interessante ter um pequeno lanche (chás, sucos, biscoitos, bolo, etc.) ao final de algum domingo especial (o primeiro ou último do mês, por exemplo), pois estas ocasiões criam uma atmosfera propícia para estreitar os relacionamentos entre os membros da igreja, e faz com que todos se sintam parte de uma grande família.

OBS.: Aproveite para dar uma olhada em uma excelente pesquisa realizada pelos pastores Marcos Aurélio Siqueira de Souza e Ricky Castro, a qual foi o seu Trabalho de Conclusão do Curso de Teologia do UNASP.

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Nossos cultos de domingo têm tudo para serem os mais freqüentados da semana (especialmente por visitantes), pois poucos estarão trabalhando ou estudando no domingo à noite.

Se isto não está ocorrendo, é porque não estão sendo oferecidas condições para que os adoradores sintam-se motivados a irem à igreja.

Aquela história de que "quem não vai é porque não quer ir, ou não está convertido ainda" é uma desculpa típica de pessoas de espírito pobre, que não querem admitir que não estão fazendo o melhor para Deus e para Sua Obra de salvação.

"Deus move uma montanha, quando o homem não tem forças para fazê-lo;
Mas não move uma palha, quando o homem tem forças para fazê-lo".

Pense nisso!

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